Semana passada aconteceu algo inusitado: Eu estava no escritório do meu pai com meu irmão e eles começaram a falar sobre uma certa música dessas de pagode. Acho que o nome da banda era Black Style, nome bem interessante para explorar a descriminação, o preconceito, a desigualdade. Mas não era isso, aliás, longe disso. Ouvi versos como, “Ela é uma cadela”, “Me dá a patinha”, e nesse exato momento que eles estavam me mostrando o vídeo da música e achando aquilo tudo engraçado, eu pensei : Que vergonha de ser baiano!.
Acredito que os falsos moralistas, devem dizer: Isso é a cultura baiana, a nossa cultura! Mas o meu conceito de cultura vai naquilo que me acrescenta algo, alguma coisa construtiva, que eu aprenda, diferente desse tipo de música que só faz denegrir a idealização do amor, banalizar o sexo e estimular a violência e o consumo de drogas.
Nessas horas eu me pergunto: De quem é a culpa? Seria do governo, que não dá a educação suficiente para a população saber discernir músicas de qualidade? Seria da sociedade, que deixou esse tipo de “manifestação musical” entrar e tomar posse dos nossos ouvidos? De quem é eu não sei, apenas vejo os futuros cidadãos e cidadãs da nossa sociedade “esfregando a xana no asfalto” e “ralando o parreco”.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
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Olha Rafa, já me fiz esses questionamentos milhares de vezes, ainda mais por ser mulher, a quem eles esculhambam mais ainda.
ResponderExcluirMas aí você dizer que tem vergonha INTEGRALMENTE de ser baiano, eu não concordo.
Eu, particularmente, acredito que há momentos em que o pagode é sim 'útil' e adequado. Sim, em aspectos de diversão e descontração.
Agora, pegar o pagode e inseri-lo além disso na minha vida, aí sim eu discordo.
Acho que há um limite de interação com esse tipo de música. Você não precisa excluir da sua vida, como se não prestasse pra nada, mas também não tem que fazer 'ralar a xana no asfalto' uma idelogia de vida.
E também, ser baiano não é só produzir esse tipo de música. Lembremos Raul Seixas, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethania...e aí, o que temos? Música de primeira qualidade.
Então, ser baiano não implica ser pagodeiro.
É o que eu penso sobre isso.
Você escreve muito bem, Rafa. Preciso, Claro e objetivo. Além de um vocabulário exato e limpo.
Tô gostando :D
Pois é! Hoje a Bahia se transforma num reduto de insignificância elementar cultural localizada. O pagode sempre esteve presente no movimento cultural baiano e teve sua importância reconhecida nesse cenário. Bandas como Harmonia do Samba,Bom balanço, Gera samba cresceram e fizeram parte da formação musical da população no quesito de identificação letra, musica e vida.
ResponderExcluirO quadro é completamente diferente hoje. Eu tive a infelicidade de presenciar a banda Black Style transbordar su gama de baixaria em forma de musica em pleno trajeto sagrado da avenida no Campo Grande, fazendo os foliões praticamente se "comerem" num palco onde Dodô E Osmar fizeram suas guitarras falarem,onde Bel faz a galera chorar de emoção e onde Ivete faz a Bahia tremer. Sinto-me as vezes,como musico, muito triste, mas ainda não morremos e estamos na luta
Ah, seu texto totalmente compatível com o que eu penso. Só que não na citação de ter vergonha de ser baiano, porque como Nat comentou ai. o pagode tem certos momentos sim, embora eu me divirta muito ouvindo as vezes né rafael? Mais eu nao acho que por esse tipo de música existir nao queira dizer q eu tenha vergonha de ser da Bahia. Existem muitos outros cantores, bandas baianas que dão mil a zero nesses pagodes! E isso todo brasileiro tem prazer de falar.
ResponderExcluiré isso. ta show! :)
A culpa é sua.
ResponderExcluirQuando li esse texto parei e pensei: porra é esse o cara que tem (tinha) um msn "rafapagodeiro"? O mundo mudou.
"Eu estava no escritório do meu pai com meu irmão e eles começaram a falar sobre uma certa música dessas de pagode"
Rafa, aprende uma coisa, burgues não reclama disso. É essa gente que curte o pagode que permite você, seu pai e seu irmão falarem "o senhor esta demitido". É o exercito de reserva, meu garoto.
Sobre a musica, permita-me descordar de você, isso não é um fenômeno baiano ou brasileiro. O que difere o pagode baiano do rap paulista ou do samba carioca? (já ouviu "uma mulher, duas mulher, tres mulher" de neguinho da beija-flor?) Ja ouviu o que os americanos, com ídolos mundiais como Elvis, estão escutando? Byonce...
Matheus Bastos e Silva